A doença, que já foi considerada controlada no Brasil, volta a preocupar a saúde pública com aumento de casos neste ano
A coqueluche, que já foi considerada controlada no Brasil, voltou a preocupar, principalmente após o registro da morte de uma criança na Bahia, no último dia 12 de novembro. Com maior potencial de gravidade em menores de 1 ano, a doença pode causar infecções em pessoas de todas as idades. A baixa cobertura vacinal é o principal fator relacionado ao aumento de mais de 1.280% dos registros da enfermidade em 2024, atingindo o maior patamar desde 2015. A principal forma de prevenir a doença é a vacinação, com reforços na adolescência e na idade adulta, alerta a médica infectologista pediátrica do Sabin Diagnóstico e Saúde, Sylvia Freire.
Infecção respiratória aguda caracterizada por episódios de tosse intensa e prolongada, a coqueluche é altamente contagiosa e apresenta crescimento exponencial no número de casos no Brasil e em vários países em 2024. No país, de acordo com o Ministério da Saúde, foram 3.252 registros de coqueluche até outubro. Ainda conforme o órgão, foram registradas 13 mortes de bebês, todas associadas à falta de vacinação de gestantes. Os estados de Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Distrito Federal concentram a maior parte das ocorrências.
Apesar de uma quantidade menor de casos, a Bahia também está em alerta para a doença, que matou uma bebê de 9 meses, a primeira em 5 anos no estado, de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Ainda segundo informações do órgão estadual, a morte foi registrada na cidade Teixeira de Freitas, que vive um surto de coqueluche, com 11 dos 18 casos confirmados neste ano, sendo 13 mulheres, com idades entre 1 mês e 32 anos; 45% das confirmações envolvem crianças com menos de 1 ano. Além desse município, a Sesab registrou casos em Salvador (4), Bom Jesus da Lapa (2) e Euclides da Cunha (1). Ao todo, desde o início do ano, o estado notificou 81 casos suspeitos de coqueluche: 44 foram descartados e 19 estão em investigação.
Importância da vacinação
“O esquema primário de imunização deve ser iniciado aos 2 meses de vida, com novas doses aos 4 e 6 meses. Reforços estão programados ainda na infância entre 15 e 18 meses, entre 4 e 6 anos e entre 9 e 11 anos. As gestantes merecem especial atenção e devem ser vacinadas para oferecer proteção a seus bebês nos primeiros meses de vida, até que possam ser imunizados”, destaca a infectologista pediátrica do Sabin.
Adultos responsáveis pelo cuidado de crianças devem manter atualizada a vacinação para evitar infecções naquelas que ainda não atingiram idade para iniciar ou completar o esquema vacinal e têm maior risco de doença grave. Em muitos casos, bebês adquirem a infecção a partir do contato com irmãos mais velhos, pais, avós e cuidadores que apresentam sintomas leves e, infelizmente, demoram a chegar ao diagnóstico.
“Como a vacina protege por 10 anos, são necessários reforços na adolescência e na idade adulta”, alerta a especialista. A imunização para o público adulto, em geral, está disponível apenas na rede particular. A vacina dTpa (tríplice bacteriana adulto acelular) está disponível para início do esquema de imunização ou reforço em adultos, conforme histórico prévio. Para indivíduos que pretendem viajar para áreas endêmicas de poliomielite, a dTpa+VIP, que combina a proteção contra poliomielite, pode substituir a dTpa.
Tratamento
O tratamento da coqueluche envolve o uso de antibiótico, que ajuda a reduzir a gravidade dos sintomas quando iniciado precocemente. Cuidados de suporte, como hidratação e controle da febre, são igualmente importantes, indica Sylvia. “Todo o tratamento deve ser orientado por um médico, visando evitar complicações”, finaliza.
Foto: Acervo Sabin