Durante o espetáculo, a orquestra recebeu artistas locais e Russo Passapusso
A Orquestra Afrosinfônica celebrou com o grande público a reabertura da Cidade do Saber, ontem (20), em Camaçari. Uma noite muito especial para o maestro Ubiratan Marques, que marca o seu retorno para o mesmo palco, onde, de 2011 a 2016, criou e comandou a Orquestra Sinfônica Popular Brasileira. Agora, à frente da Afrosinfônica, ele volta a emocionar os convidados no encerramento da festa que lotou o Teatro da Cidade do Saber. Na cerimônia, Luiz Caetano, prefeito de Camaçari, e Elci Freitas, secretária de Cultura, autoridades e convidados em geral.

“A arte realmente desperta a alma do ser humano. Ontem, no olhar de cada um que estava ali, eu senti e vi a alegria de ter a felicidade de volta com a Cidade do Saber. De ter os encontros criativos, de estar ali numa relação direta com a arte, de poder estar ali se desenvolvendo cada vez mais, não só como artistas, mas principalmente como ser humano”, afirma o maestro Ubiratan Marques.

Na noite de quarta-feira, a programação foi aberta com a apresentação solo da orquestra Afrosinfônica nas canções Gira Girar, Caminhos do Mar e Obaluaê. Em seguida, o maestro anunciou a participação dos artistas de Camaçari: recebeu os artistas Itana Rosa, interpretando Ainda Lembro; Edy Xote, com Vida de Viajante; Nadja Meireles, cantando Quinem Jiló; Simpa, com Azul da Cor do Mar; e Elly Nascimento, com As Canções Que Você Fez Pra Mim. No encerramento dessa parte, eles cantaram juntos Um Novo Tempo.

No encerramento do show, a Afrosinfônica recebeu Russo Passapusso, um dos convidados mais esperados da noite. Parceiro do maestro Ubiratan Marques, o vocalista da BaianaSystem empolgou o público com os hits: Navio, Invisível, Emoriô e Água.
A presença da orquestra na volta do complexo cultural Cidade do Saber, criado em 2007, símbolo de transformação em Camaçari, fortalece a parceria com a organização social Casa da Ponte Maestro Ubiratan Marques, com sede no Largo do Pelourinho. A organização social, que abriga a orquestra, se dedica à formação musical, à valorização das culturas afro-brasileiras e à preservação do patrimônio cultural, em suas dimensões materiais e imateriais.
O projeto de formação musical desenvolvido pelo maestro na cidade e no litoral de Camaçari o inspirou a criar o “Ponte Para a Comunidade”, projeto desenvolvido pela Casa da Ponte, com cursos gratuitos e polos que fortalecem orquestras em territórios afrodescendentes de Salvador.
“É emocionante estar presente na reabertura de um lugar que teve e vai voltar a ter o cuidado com a educação, a cultura, a arte brasileira e a educação. Um respeito enorme pelo povo, um respeito pela troca de conhecimento, principalmente com o público de Camaçari. Recebi ligações de alunos que lá atrás fizeram parte desse projeto, uns que estão no Rio e em Brasília, e outros aqui presentes parabenizando por esta reabertura. São alunos que estabeleceram suas carreiras na música e em outras áreas por conta da Cidade do Saber”, comenta o maestro.
Afrosinfônica
A Orquestra Afrosinfônica, sob o comando de Ubiratan Marques, é um coletivo de pessoas negras que se expressa a partir de uma abordagem decorrente de pesquisas sonoras e conceitos intimamente ligados à música afro-brasileira. Reunindo cerca de 30 músicos e estruturada por piano, percussão, sopros, contrabaixos e vozes femininas, a orquestra leva o conceito “afrosinfônico”, designado pelo maestro, às últimas consequências pela consciência do processo cultural da diáspora africana e pelo processo de pesquisa e estudo de repertório.
Casa da Ponte
No Centro Histórico de Salvador, a Casa da Ponte Maestro Ubiratan Marques atua com base na convicção de que a cultura, a memória e o patrimônio são ferramentas efetivas de transformação social. Criada em 2018, a Casa da Ponte abriga o Núcleo de Difusão de Música Afrosinfônica e o Núcleo de Preservação do Patrimônio Cultural. No largo do Pelourinho, um casarão do século XVIII abriga a Orquestra Afrosinfônica, o NMM – Núcleo Moderno de Música, e um centro cultural que promove diálogos entre artistas, pensadores e comunidades de Salvador e de outras regiões. O Ponte Para a Comunidade, um de seus principais projetos, oferece cursos gratuitos e fortalece orquestras em territórios afrodescendentes. Em sua primeira edição, o projeto atendeu mais de 3 mil pessoas e entregou oito Orquestras Afrobaianas a instituições e blocos afro da cidade.
fotos de Pedro Soares