Mais do que uma questão estética, a obesidade é tratada como doença. Acompanhamento médico e exames regulares auxiliam no tratamento e prevenção das complicações
No ritmo atual, quase metade dos adultos brasileiros (48%) terá obesidade até 2044, com outros 27% apresentando sobrepeso. Os dados fazem parte de uma pesquisa divulgada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) durante o Congresso Internacional sobre Obesidade, realizado em junho deste ano, e chamou a atenção para a importância da prevenção da condição, que pode desencadear complicações graves, a exemplo de diabetes, hipertensão, doenças cardíacas, câncer, além de problemas de saúde emocional, como depressão.
De acordo com o Mapa da Obesidade, encabeçado pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), a condição aumentou 72%, nos últimos 13 anos, no Brasil, atingindo, de forma semelhante, homens e mulheres.
“A obesidade é reconhecida como uma doença crônica multifatorial, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal que pode prejudicar a saúde. Sua etiologia é complexa, envolvendo fatores genéticos, metabólicos, comportamentais e ambientais, que influenciam a regulação do balanço energético”, afirma a endocrinologista do Sabin Diagnóstico e Saúde, Thaisa Trujilho, destacando a importância do acompanhamento para a prevenção e diagnóstico.
A médica, inclusive, irá ministrar neste sábado, 26, uma aula sobre “Obesidade: uma doença crônica” durante o Curso Itinerante de Obesidade, que é promovida pela Abeso com o apoio do Sabin. O evento será realizado na Associação Bahiana de Medicina (ABM), em Salvador. A ideia é levar informação de qualidade sobre a condição para diferentes regiões do Brasil.
Fatores para a obesidade
A endocrinologista informa que alguns fatores podem levar à obesidade, como os genéticos e ambientais. “A genética influencia a forma como o corpo armazena e queima gordura. Entretanto, o ambiente – como alimentação inadequada, sedentarismo e estresse – exerce papel significativo na sua manifestação”, pontua.
Ela também destaca que a desregulação hormonal e metabólica contribui para a condição: “A obesidade envolve a disfunção de hormônios que regulam o apetite, como a leptina e a grelina, e o metabolismo energético. Além disso, é comum a presença de resistência à insulina e inflamação crônica de baixo grau”.
Diante da condição, alguns impactos à saúde podem ser associados, a exemplo de diabetes tipo 2, hipertensão, dislipidemia, doenças cardiovasculares, apneia do sono e alguns tipos de câncer, como o de esôfago, estômago, fígado, mama e próstata. “Isso ocorre devido ao efeito direto do excesso de gordura e suas consequências metabólicas”, afirma ela, salientando que a obesidade deve ser reconhecida e tratada como qualquer outra doença crônica, com avaliação clínica detalhada, definição de metas de tratamento realistas, mudanças do estilo de vida e, em muitas situações, o uso de terapias combinadas para maximizar os resultados.
Sinais
O ganho de peso é o sintoma mais visível da obesidade, mas o cansaço constante e a falta de energia também indicam a necessidade de procurar auxílio médico. Essas sensações estão associadas à sobrecarga do corpo pelo excesso de peso. Vale destacar que o diagnóstico vai além do número mostrado na balança, sendo necessário ser feito o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), que é a relação entre o peso e a altura da pessoa. Um IMC entre 25 e 29,9, por exemplo, indica sobrepeso. Já igual ou acima de 30 caracteriza obesidade.
Aliada a essa avaliação prática, destaca a endocrinologista, é necessária a medição da circunferência abdominal para analisar a distribuição da gordura corporal, uma vez que o acúmulo de gordura na região abdominal está associado a um maior risco de doenças cardiovasculares. Além disso, há exames complementares que podem auxiliar na avaliação geral da saúde do paciente, como a bioimpedânciometria, além dos laboratoriais para analisar o perfil lipídico, hormonais, funcionamento do fígado, tolerância à glicose e funcionamento da tireoide.
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