O domingo ensolarado da capital baiana esquentou os corações das centenas de pessoas que acompanharam a 3ª edição da Caminhada de Zé Pilintra. A concentração aconteceu a partir das 10h, na Praça Castro Alves. Seguindo o ritual, o Pai Wellington abriu os trabalhos com agradecimentos e deu início à cerimônia do padê, sob aplausos e foguetórios.

Logo após, um cortejo composto por afilhados de Zé — representados pelos povos de religiões de matriz africana, como candomblecistas, umbandistas e quimbandistas — seguiu atrás do andor que levava a imagem do “Bom Malandro”. Malandros e Marias Navalhas, trajados com elegância, reforçaram a identidade visual das entidades: o malandro com terno de linho branco, gravata vermelha, chapéu panamá e sapato bicolor; e Maria Navalha, com saia ou vestido branco e vermelho.
A Caminhada de Zé Pilintra nasceu de uma visão espiritual do Pai Wellington, do Terreiro Ilê Baba Ala Piti Oke, localizado no bairro de Fazenda Grande do Retiro:
“Há quatro anos, visualizei aqui neste Santuário uma rua vazia, toda enfeitada de vermelho e branco. Depois de uma viagem ao Rio de Janeiro, voltei cheio de ideias para colocar o povo de Seu Zé na rua. Ver tudo isso hoje acontecendo me deixa feliz. A palavra é gratidão! Sentir a energia dos meus irmãos que vieram de outras cidades e estados para prestigiar Seu Zé é maravilhoso”, contou o idealizador da Caminhada.
Ao som dos pontos cantados pelo grupo Samba de Malandro, o cortejo desceu a Ladeira da Montanha em direção à Rua do Corpo Santo, onde está sediado o Santuário de Zé Pilintra.
O evento contou com a presença de diversos terreiros da Bahia, como o Terreiro Estrela Guia (Piatã/Chapada Diamantina), Terreiro Conga de Seu Zé (Juazeiro) e Terreiro Bom Malandro (Santo Antônio de Jesus). A Caminhada também recebeu representantes de outros estados, como Fábio Feliciano, vice-presidente do Santuário Nacional de Zé Pilintra, do Rio de Janeiro, que participou pela primeira vez:
“É muito importante esse movimento cultural de Zé Pilintra se espalhar pelo Brasil. Ele é uma figura muito mal compreendida e interpretada. Trazer sua imagem para as ruas é uma forma de esclarecer: Seu Zé não tem associação à marginalidade. Muito pelo contrário, ele é pai e professor de todos que sofrem qualquer tipo de opressão, seja religiosa, sexual, racial ou étnica”, destacou Fábio.
A Caminhada que também contou com a organização do produtor cultural Joel Santos foi encerrada com chave de ouro, ao som contagiante do grupo cultural Samba Chile, que recebeu a cantora juazeirense Madara, além das apresentações das bandas Orisun e Ilê Aiyê, celebrando a fé, a cultura popular e a resistência das tradições afro-brasileiras.
Fotos: Queila Val
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