Especialista tira dúvidas e ressalta a importância da amamentação para mãe e bebê
A campanha Agosto Dourado é realizada mundialmente para chamar a atenção sobre a importância da amamentação. Embora o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida seja uma das recomendações mais importantes para a saúde infantil, a prática ainda envolve muitas dúvidas e informações equivocadas.
Entre os tópicos mais recorrentes estão a ideia de “leite fraco”, o uso de chupetas e mamadeiras, a preparação dos seios durante a gestação e a dificuldade em saber se o bebê está mamando o suficiente.
Para esclarecer o que é mito e o que é verdade, a professora de Enfermagem da Unijorge, enfermeira obstetra e consultora de aleitamento materno, Railene Pires, destaca os principais pontos. Um dos mitos mais comuns é o chamado “leite fraco”. Segundo a professora, o leite materno contém todos os nutrientes necessários para o crescimento do bebê, além de anticorpos que protegem contra doenças como diarreia, infecções respiratórias e alergias.
O aleitamento materno também ajuda na recuperação e na saúde da mãe, como auxiliar o útero a voltar ao tamanho normal mais rapidamente após o parto, reduzir o risco de hemorragias e ainda proteger contra o câncer de mama e o desenvolvimento de diabetes tipo 2.
Saber se o bebê está mamando o suficiente também costuma gerar dúvidas. Mas há sinais que podem ser observados. O bebê começa a mamada tenso, com as mãozinhas fechadas e, à medida que vai se alimentando, as mãos começam a abrir; o bebê também pode soltar o peito quando está saciado. A troca de fraldas também indica boa alimentação. Cerca de cinco dias após o parto, o bebê alimentado terá a troca de seis a oito fraldas molhadas por dia e ocorrerá a mudança na coloração do mecônio, que é a primeira eliminação intestinal.
Outro ponto de dúvida é o uso de mamadeiras e chupetas durante o período de amamentação. De acordo com Railene, a confusão de bicos acontece quando o bebê, que está aprendendo a mamar no peito, também recebe mamadeira ou chupeta. “Como a forma de sugar o bico artificial é bem diferente da sucção no seio materno, ele pode ‘desaprender’ ou ter dificuldade de pegar o peito depois”, diz.
A especialista também orienta aspectos práticos essenciais para o sucesso da amamentação, como certificar a pega do bebê e a efetividade da sucção. “Apesar de ser um ato reflexo, o bebê precisa aprender a retirar o leite do peito. O mais importante é a pega correta, que previne fissuras e dor”, aponta. Ela recomenda roupas que permitam boa movimentação e uma posição confortável, com o bebê de frente para a mama e a barriga encostada na da mãe.
Um mito comum é que seja necessário preparar as mamas durante a gestação com massagens, fricção ou uso de buchas. As evidências atuais, segundo a OMS, o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria, mostram que o corpo já se prepara naturalmente, com o escurecimento da aréola e dos mamilos e o aumento da produção das glândulas de Montgomery, que lubrificam e protegem a pele, por isso a fricção e o uso de produtos podem causar lesões.
Para ajudar na amamentação, a orientação é que a mãe observe se a mama está muito cheia. Nesses casos, será preciso massagear e ordenhar. “A massagem é realizada com o dedo indicador e médio, fazendo movimentos circulares, começando pela aréola e massageando por toda a mama”, detalha. A mãe deve levar o bebê ao peito, e não o peito ao bebê, buscando a posição que for mais confortável para os dois, sendo as mais utilizadas a tradicional, a invertida e a deitada.
“A amamentação pode apresentar desafios iniciais para ambos, e em casos de dificuldades, é altamente recomendado que a mãe procure ajuda o mais rápido possível, com orientação de obstetras, pediatras, enfermeiras e consultoras de aleitamento. O suporte adequado pode fazer toda a diferença e fazer com que este momento seja gratificante”, conclui.
O curso de Enfermagem da Unijorge oferece atendimento para promoção do aleitamento materno, no Instituto de Saúde, no Campus Paralela. É necessário agendamento prévio pelo WhatsApp (71) 99611-6919. Para mais informações, o telefone de contato é (71) 3206-8489.
Foto: Freepik